domingo, 28 de junho de 2015

Sra da Orada 2015

A grande festa da Nossa Freguesia
Sra da Orada


 




 



Dia da criança em Pinheiro

Para festejar o dia da criança na freguesia, a Junta e os escuteiros, passaram uma tarde com cerca de 25 crianças da freguesia, na Sra da Orada, entre jogos, lanche e uma pequena lembrança.

Passeio convívio Maio 2015

Neste passeio visitamos (cerca de 110 pessoas) Ponte de Lima, Arcos de Valdevez, Soajo, Sra. da Peneda, Valença 
 
                                          Sra. da Peneda
                                           Soajo


                                           Ponte de Lima

Pequena obra de pavimento na Travessa de Tabuadêlo




Obra da Travessa do farejal (Quelha do Farejal)

 
 









Esta obra era uma prioridade na freguesia, pois tem muita passagem e estava sempre cheia de água e lama.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Orada de Pinheiro






Oradas de Portugal
   
      Em 1954º Pe. José Manuel Semedo Azevedo, da Diocese de Faro, com o apoio do seu bispo de então D.Marcelino António Maria Franco, percorreu o pais, desde Melgaço no Alto Minho até Albufeira no Algarve, onde num estudo aprofundado, sobre as catorze Oradas de Portugal, resulta a edição do livro “ Nossa Senhora da Orada, seu culto na história de Portugal”.
     Da Orada de Melgaço, a quem o autor dedica 15 páginas do seu livro, descobre em documentos antigos que nos reportam ao início da nacionalidade, invocando a forte devoção dos cavaleiros franceses, que terão trazido essa devoção á SSma. Virgem.
     Ainda no Minho o Pe. Azevedo percorreu a história de mais três Oradas, Pinheiro- Vieira do Minho, e em Cabeceiras de basto as Oradas de Refojos e da Cucana. Uma paragem em S. Vicente da Beira, para descrever mais uma Orada, e na sua viagem para sul mais outra paragem em Ferreira do Zêzere, onde este sacerdote encontra a Orada do Beco, cuja fotografia é a que mais se assemelha á de Pinheiro. Vem a seguir a Orada de Sousel com uma linda história que envolve o santo condestável D. Nuno Alvares Pereira, a quem o autor descreve a sua bandeira, como Orada flutuante. Segue a Orada de Ourém, e a de Aviz cujo santuário é a igreja Matriz daquela terra. Ainda no Alentejo encontramos a Orada de Borba e a de Monsaraz, e a seguir a Orada do Baixo Alentejo, que se venera numa pequena capela, e que dá nome a uma grande mina de ferro, que nos seus 200 metros de galerias se extraia em 1954, ferro de grande qualidade e ao que parece desde o tempo dos romanos. Por último o Pe. Azevedo dedica 22 páginas do seu livro, narrando a linda história da Orada de Albufeira situada no extremo sul do país, completando assim as catorze Oradas de Portugal. Chama a atenção uma passagem desta obra, onde o autor diz referindo-se á Orada do Baixo Alentejo: “ Em Outubro de 1955 depois de ter percorrido todos os santuários de Nossa Senhora da Orada, contando assinalar este no numero dos que desapareceram na viragem do tempo, desembarcamos em Beja e fomos encaminhados para Pias ou Serpa…” Deduz – se portanto que além das catorze terão havido outras que desapareceram na voragem do tempo. (Expressão do autor)


 A Orada de Pinheiro
     Depois de descrever o pitoresco lugar de encanto, em que se situa este Santuário, o Pe. Azevedo dedica na sua obra12 paginas á historia desta secular confraria, baseado nas informações, enviadas pelo colega Pe. José Carlos Alves Vieira, que consultou os livros antigos, sobretudo os estatutos de 1683, 1869 e 1897. Diz o autor na página 39. É muito antigo o culto a Nossa Senhora da Orada aqui. A sua festa anual é a mais concorrida do Concelho, como nos foi confirmado pelo Reverendíssimo Cónego Arlindo da Cunha, a antiga Orada de Pinheiro era uma pequena Ermida. A grande capela atual, começou a ser construída para Nossa Senhora da Guadalupe, como porém o culto a Nossa Senhora da Orada, era muito intenso aqui, ficou sempre conhecida como a capela de Nª Sra. Da orada.
     Destaca se alguns dos artigos e parágrafos contidos nesses estatutos:
     Assim os de 1869 que foram assinados pelos Padres João Baptista Vieira de Vilarchão, Domingos José Martins Oliveira de Pinheiro, José Manuel Fernandes Cardoso de Vilarchão e José Joaquim Alvares dos Reis de Vilarchão, previam a eleição da mesa no 3º domingo de Maio, em assembleia geral. Previam também o lugar de mordomo da cera que era renumerado, e que entre outras atribuições analisava os requerimentos dos pretendentes a empréstimos e sob as garantias de segurança que a confraria fazia com escritura e hipoteca, e que de uma vez emprestou a um tal Manuel Matos Vieira, quatro contos de rei. Também o servo andador, que tinha o encargo de angariar irmãos, e que por cada angariado tinha o ordenado de 150 reis. Havia também o cartorário que vencia ordenado estipulado pela mesa, podendo aumentar ou diminuir, segundo o inventário. Não são especificadas as atribuições, mas penso tratar se de uma espécie de gestor.
     No seu 11º artigo estes estatutos mantinham a admissão de irmãos apenas maiores de 21 anos com boa conduta moral e religiosa, tal como os de 1683, tendo os estatutos de 1897 uma ligeira alteração, em que menores de 20 anos podiam ser irmãos, desde que sua admissão fosse solicitada por seus pais ou tutores. No artigo 13º ficava a mesa obrigada a aplicar em beneficência uma decima parte da sua receita ordinária pela forma indicada pelo senhor governador do distrito. E no 1º Paragrafo do mesmo artigo, obrigava a mesa a socorrer os irmãos incapacitados de angariar o sustento pelo seu trabalho, podendo ainda a mesa deliberar socorrer os mais pobres e indigentes mesmo que alheios á irmandade. Ainda no artigo 11º 2º parágrafo ficava a mesa obrigada a subsidiar o ensino primário na freguesia, e doar um décimo da sua receita á misericórdia mais perto que tivesse hospital. Veja se já naquele tempo a preocupação com o ensino, e o dinheiro que envolviam todos esses benefícios, para além do sufrágio das almas, que beneficiavam de 80 missas no ano, mais as missas de corpo presente celebradas por 8 padres, e com direito á presença da bandeira (propriedade da irmandade).
     Estes estatutos de 1869 dizem na última pagina, capítulo único, ficam revogados os estatutos anteriores (1863) e todos os termos e deliberações desta irmandade, pelos quais até ao presente ela se regulou, e determinamos o cumprimento do novo compromisso depois de aprovado pelo Governo de sua majestade fidelíssima, a quem submissos rogamos a sua confirmação. Capela de Nª Sra. Da Orada Pinheiro- Vieira do Minho em assembleia geral em 31 de Janeiro de 1869.
     Verifica- se que foi ao Rei D. Luís que foi dirigida essa petição, e quem confirmou a provisão destes estatutos.
     Constata - se que depois de 186 anos em vigor, uns estatutos com tantos benefícios aos irmãos, tinha esta confraria de ser muito rica, como descreve o autor das Oradas de Portugal, mas é a partir daqui que começa a má gestão, pois 28 anos depois há necessidade de rever os estatutos, onde numa assembleia geral realizada em 19 de Dezembro de 1897, se pedia a diminuição de benefícios e sufrágios, mas que o governador civil Visconde da Torre só aprovou em 21 de Agosto de 1900 e o Senhor Arcebispo D. Manuel Baptista da Cunha em 13 de Dezembro do mesmo ano.
     Estes estatutos foram assinados pelos Padres António Joaquim da Rocha de Pinheiro, Francisco José Vieira de Araújo de Vila Seca, Francisco António Cardoso do Mosteiro, António Martins Oliveira de Pinheiro e Domingos Augusto Vieira da Mota de Pinheiro.
     Procurei sem sucesso, encontrar algo que justificasse a origem da riqueza desta confraria, no período de 186 anos que decorreram entre 1683 e 1869. Terá sido herança de algum irmão ou irmãos ricos oferecidos á irmandade? È o mais provável. Também não existem livros de contabilidade ou atas que permitam saber nomes dos maus gestores que no final do seculo 19 e princípios do seculo 20, com a entrada da Republica que dá a ”ultima machadada” como diz o autor Pe. Azevedo.
     Terão os livros desaparecido propositadamente, e não se lavravam atas? É que só a partir da década de 60 do seculo 20 é que há estes registos.
      Ex-Votos
      A casa da cera, está recheada de centenas de peças de cera, cabeças, pernas, braços, cirios, etc, e ao longo dos anos, milhares se perderam. Há pelo menos três relíquias que sem nenhum valor monetário, encerram em si um inestimável valor histórico e o de maior vulto é sem dúvida um véu de cálix, que já andou muitos anos desaparecido e que a mesa de 1987 a 1989 recuperou. Este véu de cálix, impresso na tipografia de António Simões Ferreira em 1746 em Coimbra, e cujo teor, duma tese de doutoramento sustentada por Miguel Ribeiro Luis, um filho da terra do lugar de Vilela, escrita em latim, apesar dos seus 268 anos, encontra se perfeitamente visível, e está traduzida em português nos livros “Oradas de Portugal”, “Vieira do Minho”, “Monografia da Orada de Pinheiro” e “Senhora da Orada de Pinheiro” dos autores Pe. José M. Semedo Azevedo, Pe. José Carlos Alves Vieira, Pe. Artur Jorge Ramalho Gonçalves, e Prof. Manuel Leite Rebelo, respetivamente.
     Também de valor histórico duas tábuas cerca de 20x30cm, cada uma com a sua pintura tosca. Diz uma: “Milagre que fez Nª Srª de Guadallupe ao Pe. Domingos António LLuis do LLugar de Vilella Freguesia de Pinheiro que vendose Nogolfo Delião vindo de Romma em grave prigo de vida, envocou desta Srª epor sua emtercesão llogo se viu livre Ano de 1792”. Vê-se neste quadro a pintura de um padre paramentado diante da imagem da Srª da Guadalupe.
     No outro quadro vemos a figura de um homem ajoelhado diante da imagem de Nossa Senhora da Orada, com o chapéu no chão e de mãos postas, que escreveu esta inscrição: “Milagre que fez Nª Sra da Orada, a Agostinho VIV, de Vilella que estando em artigo de morte a Senhora o restituio. ANNOde 1859.”
     Também uma trança de cabelo que segundo testemunhos, deve ter pelo menos 150 anos, faz parte dos ex-votos desta confraria.
       Quem visita o santuário, repara que no seu piso de granito, existem duas pedras salientes, cerca de 5cm; consta que cada uma delas assinala a sepultura de uma criança da casa de Afonso de Vilarchão.
     Uma mesa de granito com bancos, que hoje se encontra na parte lateral sul, que ocupou o lugar do coreto até 1967, altura em que a mesa de então presidida por      Domingos José da Costa, a mudou, tem uma inscrição que diz:” ESTA MESA MANDOU FAZER ANTÓNIO RAMALHO DO PORTO ANNO DE 1682.”
     Um fontenário artístico, jorrando água muito fresca, todo o ano junto ao santuário faz parte do belo lugar, que conta com a casa da confraria, renovada e com projeto alterado e aumentado, bem enquadrada no local, ao contrário de um palco mal enquadrado, mas de grande utilidade.
     Ao entrar nos recintos do santuário, um terreno vedado, onde debaixo dum penedo está outro refrescante nascente, foi construído um fontenário que tem data de 1868, e é esta fonte que dá origem á lenda onde segundo a tradição apareceu Nossa Senhora da Orada á jovem para ali degradada por uma suposta gravidez que não era verdadeira.
     No alto do monte, hoje parque propriedade da confraria uma pequena capela, onde anualmente a procissão vai dar a volta e se desfruta de um panorama maravilhoso, essa capela é chamada de calvário.
     No início da década de 40 do seculo XX, presidia á mesa da confraria o Senhor Armindo Martins Oliveira da casa de Pinheiro, havia necessidade urgente de forrar o Santuário, o Mundo estava envolvido na maior guerra de sempre na história da humanidade, a 2ª guerra mundial, havia falta de tudo, e até os pregos não eram exceção. Os lavradores em reunião, decidiram oferecer a madeira, e um competente carpinteiro Adelino Joaquim Vieira Mendes chefiou a equipe que se propôs forrar gratuitamente o Santuário. E pregos? Não havia, e então ficou decidido que todos os Pinheirenses, arrancassem nas suas casas, e nas propriedades que tinham cancelas, todos os pregos que achassem menos necessários e os levassem aos carpinteiros que depois de os endireitar, os aplicaram no forro, que só foi substituído em 1988.
     Outro fato curioso na história desta confraria que mereceu atenção é este: Já com a confraria completamente descapitalizada, pela última machadada desferida pela entrada da Republica, presidia á mesa gerente, um lavrador modelo assim o descreveu seu irmão o Pe. José Carlos Alves Vieira, nas informações dadas ao colega Pe. Azevedo, o Sr. António Alves Vieira, que presidia á mesa, vendo a necessidade, de renovar o telhado do Santuário, ate então na telha antiga, reduz o orçamento dos gastos com o arraial, introduz o uso das novenas, e como exímio tocador de violino, pede a colaboração da D. Elvira Miranda, que ao piano, com as vozes do coro, formaram um ambiente festivo virado para o religioso em detrimento do cariz mais profano.
    
     De lembrar a D. Elvira Miranda era filha do ilustre Pinheirense Francisco José de Miranda, “o Mirandinha” cujas obras na pintura, escultura, música e outras são imortais.

     Este trabalho foi feito com base no livro “Oradas de Portugal” do Pe. Azevedo Semedo, da obra “Vieira do Minho”, do Pe. José Carlos Alves Vieira, da “Monografia da Orada de Pinheiro” do Pe. Artur Jorge Ramalho Gonçalves e ainda “Senhora da Orada de Pinheiro” do Professor Manuel Leite Rebelo, e de relatos e lendas que ao longo da vida e das três passagens pela mesa gerente da confraria, realizou para a Junta de Freguesia e para a mesa gerente de 2014 a 2016, Adelino Mendes Gonçalves.

Nota: já no final deste trabalho, soube-se que numa freguesia do concelho de Chaves há mais uma Orada, que portanto escapou ao Pe. Semedo Azevedo.

Fotografias